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Famílias Tóxicas – Porque devemos falar sobre isso

Nossas famílias são nosso primeiro meio de contato com o mundo. É através delas que formamos nossas bases e começamos a nos constituir como indivíduos. Pertencer a esse grupo é tudo que temos até que socializações secundárias entrem em cena.

Por falar nelas, quem nunca teve ou ouviu falar de alguém com um amigo tóxico ou um parceiro abusivo?

Mas, e quando a toxicidade acontece dentro de nossas famílias? E quando o pai, mãe, irmão ou avô, por exemplo, agem de maneira tóxica ou mesmo abusiva?

Culturalmente e até mesmo religiosamente somos moldados com a ideia de que se deve amar a família “apesar de”.

Esse discurso não só carrega o estigma de desonrar a família, como traz consigo uma série de reações internas e externas. As internas referem-se aos discursos socialmente validados e que temos enraizados em nós. Afinal, considerar um familiar como tóxico pode causar uma série de sentimentos, como tristeza e culpa, por exemplo. Já as reações externas referem-se a como as pessoas a nossa volta reagem quando denunciamos a toxicidade de um familiar. Comentários como “você precisa honrar pai e mãe” ou “família é família e precisamos amá-los acima de tudo” são comuns, causam profundo sofrimento naquele que experiencia os abusos de seus familiares e podem, inclusive, impossibilitar ou retardar que aquele que sofre encontre saídas desse ambiente tóxico.

Famílias tóxicas existem. Precisamos falar sobre elas.

Os sinais de que você vive em um ambiente familiar tóxico podem ser: superproteção (pois impossibilita que o indivíduo se perceba como potente, como capaz, minando sua autonomia) ou ausência completa de cuidados (há um completo descaso quanto a cuidados e proteções básicas esperadas em um ambiente familiar); abusos verbais ou físicos; não respeitar o espaço (físico e simbólico) daqueles que compõem a estrutura familiar; brigas e discussões constantes; manipulação (ressalto aqui a manipulação emocional, muito comum em pais em relação a seus filhos ou mesmo de filhos em relação aos seus pais); entre outros sinais.

O primeiro passo para aprender a lidar com esse ambiente tóxico é reconhecer que vive em um, e talvez esse seja o passo mais importante, pois depende do fortalecimento dos recursos internos do paciente para perceber as armadilhas dos paradigmas socialmente e religiosamente defendidos sobre os quais conversamos no início desse texto.

A psicoterapia é um ambiente no qual discussões como essa podem existir e fazer com que o paciente perceba suas próprias correntes, ainda que o processo de se libertar delas seja um longo caminho.

Vamos conversar?

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